quarta-feira, 9 de abril de 2008

A respeito de senhor

Não gosto quando me chamam de senhora. Tenho 29 anos, carinha de 20, sou moça, senhorita, rapariga; não sou senhora e nunca serei. Esses tempos, discuti num bar com amigos. Segundo eles, pessoas mais velhas ou hierarquicamente superiores devem, sim, ser chamadas de senhor.

Eu nunca na minha vida chamei minha mãe de senhora, nem minha avó, nem meu avô e, nem por isso, os tratei com desrespeito. Meu respeito independe de rótulos; minhas ações falam mais alto. E, hoje em dia, com o culto à juventude, ninguém mais quer ser chamado de senhora.

Tem gente que tem cara de senhor, jeito de senhor, fala de senhor. A esses eu me refiro como senhor. Mas é só. Inclusive, tem vezes que me sinto ofendendo alguém ao chamá-lo de senhor.

Dizem os meus amigos que abro caminho para me desrespeitarem não chamando as pessoas de senhor ou senhora. Digo que não, que minha maneira de me portar é que me impõe o respeito necessário. Aliás, não precisa tanto. Até certo limite, gosto de brincar e que brinquem comigo. Adoro a informalidade, apesar de trabalhar em ambientes corporativos.

Se for pra desrespeitar, não importa do que me chamem. Já ouvi muito: Minha senhora, vai tomar no cu! Meu senhor, estou falando com você! A senhora é uma puta! Até Vossas Excelências já foram muito xingadas nessa vida.

Portanto, senhores e senhoras, respeito é bom pra todo mundo, até pra tu!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Tantã

Tanta gente nessa vida
Tanta coisa proibida
Tanto tudo pra aprender
Tanto não a receber

Tanta tanta tanta vida
Tanta gente espremida
Tanto ser tanto querer
Tanto tempo pra sofrer

Tanto soco tanta briga
Tanto horror tanta intriga
Tanto tanto pra saber
Tanto olhar e tanto ver

Tanto amigo tanta amiga
Tanta sorte nessa vida
Tanto chute de doer
Tanto ser pra merecer

Tanta coisa escondida
Tanto pus tanta ferida
Tanto ler e conhecer
Tanto lutar e não vencer

Tanta tanta tanta vida
Tanta luz e tanta briga
Tanto tudo pra querer
Tanto não a receber

segunda-feira, 31 de março de 2008

Sobre as segundas-feiras

O sábado e o domingo sempre passam mais depressa que o esperado, e lá, no fim do domingo, é que a gente dá de cara com a malvada segunda-feira. Pra mim, ela já começa quando eu vou dormir, no domingo de noite, sem o menor sono por ter passado metade do final de semana na inatividade. Rolar na cama é rotina nessa noite, acordar desorientada na segunda, idem.

Pois não é que essa segunda-feira ainda acordou cinza? E um pouquinho chuvosa... Sorte minha, que não agüento mais o calor desse verão prolongado. Azar da minha vontade de continuar na cama bem quentinha e gostosinha.

Parei no posto pra comprar uma bolachinha pra comer. As pessoas cobertas com casaquinhos finos, que não saíam do armário desde o ano passado, me atenderam sonolentas. Do mesmo modo, me remeti a elas. Uma música de fundo ininteligível, mas (sono)lenta me lembrou, novamente, que estava passando por uma manhã de segunda-feira.

Porque todas as manhãs de segunda-feira são pacatas e demoram a passar. Todas são chuvosas e cinza e melancólicas, mesmo se tiver fazendo um sol desgraçado. A rotina ainda não nos tomou conta, o organismo está desacelerado, como esteve no fim-de-semana. As pessoas trabalham pensando na noitada do sábado, no churrasco do domingo ou no filme da sexta de noite.

Os “bons dias” são raros e sempre em câmera lenta, o ambiente é sempre silencioso e as pessoas, quando conversam, o fazem em pelo menos dois tons abaixo do normal. Tudo é calmo, tranqüilo, sem stress... Porque você tem toda a semana pela frente pra que a ansiedade te invada, o trabalho comece a acumular e a sua voz não mais murmure um bom-dia, mas grite em alto e bom tom: “Graças a Deus que hoje é sexta-feira!”

sexta-feira, 28 de março de 2008

Vontade passageira

De vez em quando dá uma tristezinha súbita e passageira. Assim, como um ventinho gelado que nos estremece. Uma chateação... Saudades de gente que está longe, de gente que já foi, de gente que está perto. E assim como veio a tristeza ela vai. Quem está longe manda um e-mail, quem já foi deixa uma boa lembrança e quem está perto nos visita. Daí a gente vive mais pra conhecer mais gente que vai deixar saudades um dia e assim ciclicamente até que a gente se vá.

De vez em quando dá também um mau humor e um enjôo de tudo e de todos. Vontade de se esconder num buraco com “algum remédio que te dê alegria”. Vontade de ir morar longe, de conhecer outra coisa, de expandir o quadrado e de deixar tudo que está para trás.

Mas também de vez em quando dá vontade de deixar tudo como está, de ficar em casa, de assistir novela das oito, de tomar café-da-manhã, almoçar, jantar, dormir e acordar. De brincar com o cachorro, de reclamar da vizinha, de falar mal da vida alheia. Assim como vem, também essa vontade se vai, com a mesma inconstância de todas as nossas outras vontades.

E de vez em quando, ainda, dá uma vontade de escrever. Que, da mesma forma, vai embora.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Amoras na pele

Estava dormindo, quando senti uma agonia no meu braço. Sentei-me na cama e percebi uma crosta quebradiça no meu braço esquerdo, bem no pulso. Acendi a luz e apalpei o braço um pouco mais acima. Senti umas bolinhas e vi que eram amoras. Olhando ainda mais de perto notei que elas saíam de dentro daquela crosta. Deslizei a mão mais acima do braço e senti que na parte posterior eles estavam cobertos de amoras. E que elas iam surgindo mais além e cobriam parte das minhas costas. Não pensei em chamar ninguém, fiquei atônita, o que haveria de ser aquela mutação maluca? Não doía, só incomodava um pouco. Será que se eu tentasse arrancá-las eu sentiria alguma dor? Não, não senti nada, elas caíam na cama ao menor esforço, era só passar as mãos nelas. E assim elas foram caindo todas e só sobrava um líquido cor de ameixa sobre a crosta quebradiça. E a crosta também se desmanchava facilmente. Eu tinha de volta a minha pele, mas sobrava uma inquietação, um arrepio, um estranhamento horrível. Várias vezes durante o dia tive essa sensação, que não era boa nem ruim, apenas uma sensação (indescritível) de amoras nascendo no seu corpo. E o arrepio, que durava o tempo do meu pensamento naquilo.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Fresquinhas

Bom, vamos às novidades dessa minha vida tão interessante: Estou trabalhando “fixa” novamente. E isso quer dizer das 8 às 18 horas. E isso também quer dizer acordar cedo, o que quer dizer, ainda: putaqueopariu, que diacho!

É, eu realmente não gosto de acordar cedo, tenho problemas sérios com isso. A questão nem é acordar cedo, mas acordar com o despertador ecoando nos ouvidos. Eu preciso dormir até a hora que meu corpo mandar. Nada mais natural.

Outra conseqüência do fato de eu estar com um emprego mais estável é a morte súbita de minhas bebedeiras semanais. Ou a minha morte, caso elas continuem acontecendo com a periodicidade desses últimos tempos.

Mas, claro, tem o tal do lado bom: ambiente delicioso de trabalho, um pouco mais de estabilidade financeira, pessoas novas, clientes novos, mesa nova, gavetas novas, caderno novo, caneta nova. Tudo se renova. E isso é muito, muito legal!

O lado ruim é que pesa um pouco: horários. Desregrada que só eu, vou ter que me readaptar à vida operária. Mas vale a pena. Assim espero.

quarta-feira, 12 de março de 2008

A história do Irã em quadrinhos

Eu acabei de ler Persépolis, e fiquei muito feliz. Não sou muito fã de quadrinhos, mas li Maus e agora Persépolis e são dois livrassos. Aprendi a gostar das bandas desenhadas com o meu amorzinho, o Gabri, que resenhou Persépolis pro blog do Andrey. E eu, ladina que sou, copiei e colei.

Irã autobiográfico (por Gabriel Rocha)

Com um histórico de milênios de invasões, conflitos religiosos e políticos, o Irã ainda é uma incógnita para o Ocidente. Marjane Satrapi ajuda a elucidar um pouco do passado recente do país com Persépolis (Cia das Letras), obra autobiográfica em quadrinhos que havia sido publicada em quatro partes no Brasil e que agora é relançada em volume único.

Satrapi, cujo bisavô foi imperador do país, cresceu no meio da revolução de inspiração comunista que derrubou o Xá Rezah Pahlavi em 1979. Aos olhos da esquerda e dos líderes religiosos do país, Pahlavi era visto como uma marionete dos americanos e ingleses. Nos anos em que esteve no poder, o Xá promoveu a ocidentalização do país e a aproximação com Israel. Ao mesmo tempo, seu regime se tornou cada dia mais despótico e intolerante com a oposição. Estima-se que no final do seu reinado havia 2200 presos políticos no Irã.

Educada em uma escola francesa laica de Teerã, Satrapi tinha 10 anos na época da revolução. Filha de intelectuais comunistas, ela cresceu em meio ao marxismo e à religião. Favoráveis à deposição do Xá, os pais da menina logo se deram conta de que a revolta popular que derrubou Pahlavi havia sido rapidamente apropriada por líderes religiosos, que transformaram o Irã em uma república islâmica. Os opositores de esquerda que derrubaram o Xá, pularam do fogo para a frigideira, já que continuaram a ser perseguidos pelo novo regime.

Cedo, Satrapi teve que conviver com as mudanças impostas pelos líderes religiosos. Na escola ela era obrigada a usar véu e meninos e meninas agora tinham que estudar em salas de aula separadas. O regime ia se tornando cada dia mais duro, forçando a jovem Marjane a se acostumar com a perseguição a parentes e amigos da família.

Em meio à confusão interna do país, o Iraque de Saddam Hussein invadiu o Irã e começou uma guerra que se arrastou de 1980 até 1988. Marjane e sua família viram de perto a escassez de alimentos, os bombardeios, a hostilidade a refugiados de outra partes do país que vinham para Teerã, a proliferação de mártires e a convocação de amigos de infância para a guerra. Tudo isso ao mesmo tempo em que tentavam levar uma vida normal.

Com a proibição ao álcool e o combate aos "valores ocidentais decadentes" correndo solta no país, os iranianos tinham que se virar para conseguir algum tipo de diversão. Várias festas clandestinas na casa dos Satrapi foram interrompidas pelas patrulhas dos guardiões da revolução, que fiscalizavam qualquer atividade subversiva. Não raro tudo era resolvido com a boa e velha propina aos patrulheiros e com alguns litros de vinho despejados no vaso sanitário.

A paranóia era tanta que a simples encomenda de algumas fitas cassete e de um pôster do Iron Maiden feita por Marjane aos seus pais, que haviam ido visitar a Turquia, se transformava em uma perigosíssima operação clandestina.
Quando a situação começou a apertar, Marjane, aos 14 anos, foi enviada para um período de exílio na Áustria. A ebulição de hormônios da puberdade chegou ao mesmo tempo em que ela estava em um país do qual ela não conhecia a cultura e muito menos a língua.

Apesar de ter tido uma educação liberal, os costumes europeus estavam a anos-luz do comportamento do pessoal mais descolado com quem convivia no Irã. Em Viena, Marjane adotou um visual punk e se deparou com as primeiras decepções amorosas e a descoberta do sexo. Lá ela também teve que encarar o preconceito racial e enfiou o pé na jaca em suas experiências com as drogas.

A exemplo de Art Spielgman (Maus) e Keiji Nakazawa (Gen, Pés Descalços), Marjane Satrapi, hoje radicada na França, faz um belo retrato de sua própria experiência tendo como pano de fundo eventos históricos. Os traços simples e estilizados de Satrapi são o complemento perfeito para sua narrativa direta e enxuta.

Persépolis teve os direitos de publicação vendidos para mais de 20 países e este ano ganhou uma adaptação cinematográfica em um longa-metragem de animação que estreou no Festival de Cannes. Na dublagem em inglês as vozes dos personagens são feitas por gente legal como Sean Penn, Catherine Deneuve e o mestre Iggy Pop.

terça-feira, 11 de março de 2008

Pra não dizer que não falei mais nada

Quem me conhece já sabe, eu amo o Big Brother Brasil. As terças-feiras são sagradas, os domingos idem. Eu simplesmente amo o BBB, eu acho muito legal ver o povo se debatendo, rebolando, brigando, ficando estátua por duas horas. Eu sou meio sádica, confesso. Mas também, entrou ali pra me divertir, né? É isso que eu acho. Adoro o sofrimento alheio, o sofrimento de quem assinou um contrato pra sofrer, eu digo. Porque sofre mesmo; eu sofreria. Aliás, eu não iria me enfiar num antro desses, não por livre e espontânea vontade, claro. Eu acho meio triste fazer um vídeo, chamar os pais pra colocar uma camiseta com a sua cara e ficar torcendo por você. Mas eu me divirto assistindo os que fizeram isso. Nada contra os brothers, mas vai contra os meus princípios e o meu estilo de vida. Eu gosto muito da solidão, de falar merda, de falar mal dos outros, eu preciso de internet, de televisão, de comida boa, de amigos que eu escolhi pra serem meus amigos, de liberdade, nem que seja pra ficar dentro de casa. Portanto, mesmo que eu entrasse numa casa dessas, eu certamente seria a primeira a sair. “Eu voto na Cristine porque eu acho que ela não se adaptou aqui com o pessoal, não tenho nada contra ela, mas é uma questão de afinidade mesmo”. E como é que eu ia ficar com todo o meu mau humor pós-bebedeiras tendo que fazer prova do líder? Dois segundos de estátua e eu já ia desistir. E o Pam, como eu ia ficar sem o Pam? Sem condições. Definitivamente, eu sou uma voyer. Não sou uma sister. Mas, pra mim, podia vir um BBB atrás do outro. O resto da programação eu dispenso. Ah, não, tem A Grande Família. E a novela das 8, que, como eu li no orkut da Tati: "é melhor que Rivotril".

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A saga continua

Oito dias são iguais a dois quilos e meio perdidos. Perdidos não, abandonados, largados pra sempre. Perdidos parece que eu vou encontrá-los qualquer dia desses. Pois agora está tudo bem mais tranqüilo e bem mais fácil do que nos primeiros dias. Talvez seja também porque estou trabalhando em casa, bem calminha e com vários subterfúgios por perto, tipo uma frutinha, uma verdurinha, um iogurte light...

Agorinha mesmo, uma amiga me chamou pra comer salgadinhos que restaram do aniversário dela. Aqui, na minha casa, não estou com vontade de comer aquela coxinha bem recheadinha, com a bundinha de catupiry. Não mesmo. Agora, chegar lá e olhar pra aquela coisinha gostosinha e pedir uma Coca light ia ser deprimente. Aliás, Coca light não, faz mal pro meu refluxo.

Uma observação: Já repararam que até quando a gente faz crônica a gente adapta pra Internet? Ultimamente, eu tenho dado esses espaços entre os parágrafos, sem perceber. Agora que eu vi.

Mas, voltando ao assunto, eu ia beber uma aguinha, ia ficar conversando com ela, como se nada tivesse acontecido e aquelas coxinhas bundudas e os risoles e, pior, as empadinhas de palmito, todos estariam me olhando, cheios de gorduras, querendo unir-se às minhas.

Ah, mas eu não vou deixar isso acontecer. Foram dias de abobrinha, banana, maçã, feijão sem arroz, batata, pão integral, ricota, chá (muito chá) pra um bando de salgadinhos com más intenções acabar com a minha alegria? Nem pensar. Até porque, nós, gordinhos (opa, gordinhos é feio, propensos a engordar é melhor) sabemos o quão rápido os bons (?) quilos a casa retornam.

Hoje fiquei sem o papo da amiga, mas um dia ainda vou aprender a participar até de festas de criança e comer só a gelatina. Diet, por favor.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Foto inspiradora



Ontem o Jean me mostrou essa foto. Ela, com certeza, entrou no meu subconsciente e eu sonhei uma coisa muito estranha e metafórica.

Estava eu em um grande prédio, com vários andares. Lembro de estar com minha afilhada a tiracolo. Curiosas, eu e ela fomos subindo todos os andares do prédio. E uma bicha que dançava comigo há anos estava junto.

Eis que chegamos ao último andar. Adentramos um corredor escuro. Tinha duas pessoas na frente de uma porta, que dizia alguma coisa sobre o Reino dos Céus. As duas pessoas nos chutaram rapidamente de lá, dizendo que aquele local pertencia apenas aos privilegiados, que subiriam ao Reino dos Céus.

Alguém sabe interpretar sonhos? Será que isso quer dizer que o Reino dos Céus é o cu do cachorro?

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Us 2


Tá, The Moldy Peaches nem é tãããão legal, mas tem umas musiquinhas bem fofinhas, daquelas que eu ouço repetidas vezes e depois enjôo total. Mas essa música especialmente está na trilha sonora de Juno, que é um filme muito, mas muito legal.

E aí eu aproveitei pra fazer uma homenagem pro meu amorzinho e aprender um pouco mais de Vegas, da Sony, nessa tarde de domingo...

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Dieta (parte 1 ou a parte que a gente ainda agüenta)

Tô de dieta. Dieta certinha assim, com carboidratos, fibras, proteínas, blá blá blá. Agora, vai dizer isso pro meu organismo, que ta tudo certinho, que não tem precisão de mais nada? Jesus na cruz!, como diria uma amiga minha, não é fácil.

Tenho me sentido meio aérea, mal humorada, ansiosa (novidade!), mas sem fome. Tipo uma crise de abstinência básica – sei como é porque às vezes, quando fico sem a Paroxetina, me dá umas de lascar. Tem gente que consegue ficar dias sem comer e nada acontece. Mas não, comigo nada há de ser fácil.

Minhas noites de sono então, tem sido horrendas. Parece que tenho dormido com a pança cheia e tenho pesadelos, pesadelos, pesadelos, um seguido do outro. Mas, sinceramente, não estou sentindo falta de gordura. Mas que tô mais devagar, sem dúvida nenhuma. E olha que ontem até uma fatia de pizza foi incluída no cardápio. E vinho, umas três taças.

Mesmo assim, a manhã foi caótica. Dormi 12 horas seguidas, de um sono turbulento. Estava com calor, mas não sabia que era calor. Aí fode tudo, calor = pesadelo.

E aí sonhei que estava participando de um concurso no qual você tinha que descer um tobogã cantando músicas ao contrário. Passei um tempão invertendo “Help” dos Beatles. E acordei cansadona, como se tivesse pensado pra caramba. Neurônios gastos a toa! Help! You know I need someone! Help! Not just anybody! Help! I need somebody! Pode um troço desses?

Sem contar com a casa na praia, cheia de cobertas sujas. E o namorado do meu tio querendo me comer.

Essa dieta tá me deixando louca. Jesus na cruz!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

...

Estou entre o trabalho, a ressaca e a possibilidade de assistir a dois filmes no DVD. O dia está lindo, mas é Carnaval e o trânsito impede qualquer iniciativa de colocar os pés para fora de casa. A ressaca também, claro. A cabeça não funciona direito pro trabalho, estou tentando entender qual é a diferença entre as diretorias de Suínos e a de Industrializados de uma empresa. E olha, vou dizer que ta difícil.

Eu queria comer um monte e ficar estarrada na cama vendo filme e depois cochilar. Eita, preguiça! Mas bate uma culpa e eu acredito que pelo menos tentar trabalhar é mais útil. Também estou de regime e ontem tomei inúmeras cervejas e finalizei a noitada com um Mac Trash. Ou seja, sem gorduras hoje, por favor, grita o meu organismo.

Acho que a diretoria de Suínos corta os pobres porquinhos e vende essas partes, tipo à granel. E a de Industrializados transforma essas partes em lingüiça, salame, essas coisas. Meio óbvio, né? Mas não é tão simples assim. Tem muita coisa por trás da lingüiça.

Um dos filmes é Saneamento Básico. Estava sem criatividade pra escolher na locadora. E ultimamente tenho me divertido com os filmes brasileiros. Só não agüento mais ver o Wagner Moura e o Lázaro Ramos na tela. Aliás, nem acho o Lázaro Ramos tão bom assim. O Wagner eu curto.

A televisão está ligada na reprise do desfile do Carnaval. Eu preciso da televisão ligada pra trabalhar. Melhor ainda quando está passando uma coisa bem desinteressante. Tipo agora.

Ah, o outro filme é uns curtas da Pixar. Tão bonitinhos os filmes da Pixar! Monstros S.A foi o melhor até agora. Muito divertido e muito fofo. Ai, me deu vontade de ver logo esses curtas. Vou lá.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Dinâmica de grupo

A psicóloga: Gente, eu vou estar dando um tempo para todos desenharem no papel uma coisa que vocês gostem de fazer e fazem, outra que gostem de fazer e não fazem, outra ainda que não gostem de fazer e fazem e, por último, algo que não gostem de fazer e não fazem.

Eu no meu pensamento: (Puta merda, não sei desenhar nem Zé Palito).

Alguém: Ai, meu Deus, não sei desenhar. E agora? Moça, eu não sei desenhar.

A psicóloga: Gente, é só pra vocês estarem expressando as idéias.

- (Uma coisa que gosto e faço. Vou colocar ler porque fica profi. Algo que eu gosto e não faço. Hmmm... viajar! É, viajar, tenho medo de avião, mas não vou dizer que é por isso, fica muito viado. Vou dizer que trabalho muito e não tenho tempo. Que eu não gosto e faço... Caralho, muita coisa! Muita mesmo. Vou comentar com a menina do lado, só pra parecer simpática): Nossa, tem tanta coisa que eu não gosto e faço!

A menina com quem eu tentava ser simpática: Éééééé? Nossa, comigo é o contrário. Eu gosto de tudo!

- (Ah, vá se foder, piranha mal comida. Poliana do inferno! Também, não falo com mais ninguém, bando de lunáticos puxa-sacos! Tá, falta então o que eu não gosto e não faço. Vou dar uma de comportada. Uma moça desenhada com canetinha azul. Uma tentativa de fazer a moça estar aplicando uma seringa nela mesma. Drogas, não gosto, não uso).

A psicóloga: Pronto, gente! Agora vocês vão estar falando pra todo mundo o que vocês desenharam.

Eu: Posso começar.

Ela: Ok.

Eu: Então, desenhei que gosto de ler e leio bastante, tudo que é tipo de coisa, desde literatura a gibis. Desenhei um avião aqui nessa parte porque gostaria de viajar mais, mas não tenho tempo. Aqui, eu me desenhei lavando louça. Eu não gosto, mas tenho que fazer. E aqui, eu desenhei alguém usando drogas. Não gosto, não faço.

Alguém: Tá. Aqui então eu desenhei um encontro em família, porque eu acho a família a coisa mais importante do mundo, sem ela a gente não tem base pra nada. E é isso mesmo que eu acho de trabalhar em equipe aqui dentro dessa empresa, que, se eu ficar, vou dar tudo de mim pra ela, porque eu acho que saber compreender a todos e ter uma meta a cumprir em equipe é a melhor coisa dentro de uma organização. (Blá blá blá blá blá).

Aqui, por último, eu desenhei um cigarro, porque eu não suporto gente que fuma e faz mal pra ele e pra todo mundo em volta e eu acho isso um desperdício pra saúde. A gente tem que sempre pensar na saúde pra conseguir ser o melhor na profissão.

Outro alguém: Na parte das coisas que eu gosto, eu coloquei que eu gosto muito de ler. Gosto assim de coisas jurídicas, que é o meu trabalho. Eu estou sempre sempre sempre lendo, sempre me atualizando, nas minhas horas vagas é tudo o que eu faço. E eu acho que se essa empresa me contratar, vai estar contratando um profissional da mais alta qualidade que está sempre se aperfeiçoando.

(Muitos blá blá blás depois...)


A psicóloga: Agora, vocês peguem um desenho desses que está no chão.

(Tinham vários recortes de revista. Vi um gato, peguei. Amo gatos!).

Ela de novo: Agora, vocês vão estar falando por que escolheram esse desenho.

Eu: Eu escolhi porque eu amo gatos, acho eles lindos e amo a personalidade deles, independente, ágil, dinâmico. Era isso.

Alguém: Eu peguei essas crianças aqui porque elas significam um longo crescimento pela frente, que é o que eu quero fazer se for escolhida pra trabalhar nessa empresa, crescer muito, porque sei que é uma empresa que te dá oportunidades pra isso e eu gostaria muito de ficar aqui porque eu também estou muito disposta a crescer e a ajudar a empresa. Eu dou o meu sangue pelo meu trabalho.

- (Preciso ir embora daqui, meu Deus, esse povo mal saiu da faculdade e já está assim bitolado. Socorro!).

(Testes, bla bla blás e etcéteras depois…)

A psicóloga: Gente, nossos testes terminaram, era isso que a gente tinha que estar passando pra vocês. Agora nós vamos estar ligando pra os que forem para a etapa da entrevista individual e os outros vão receber um e-mail dizendo que não foi desta vez. Tchau pra todos!

- Tchau.

Alguém para a psicóloga: Oi, sem querer ser puxa-saco nem nada, mas eu adorei passar o dia aqui com vocês, achei os testes muito interessantes, fui muito bem tratada, acho que vocês estão de parabéns. Foi realmente um dia ótimo pra mim!

...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Sobre felinos e outras coisas (copiei do meu antigo blog, preguiça de escrever)


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Ter um animal de estimação não é se apossar de algo, como de um terreno ou uma casa. É muito mais que isso. Está mais relacionado a criar um filho que a outra coisa qualquer. Cachorros, gatos e outros animais domésticos precisam de cuidados e, antes de mais nada, muita atenção. Assim como nós, eles podem desenvolver doenças, inclusive, de cunho psicológico. Não aconselho a compra ou adoção de um animal a quem não está disposto a sacrificar-se de vez em quando. Porém, há o fato de ganhar um companheiro para todas as horas, de um carinho inigualável. Mesmo os gatos, tidos como ranzinzas e individualistas, podem apresentar um comportamento extremamente amável. Sou suspeita porque tenho verdadeira paixão pelos bichanos, apesar de criar um só, por morar em apartamento e, o que mais dificulta, com minha mãe. Mas o Pam, o felino da minha vida, é um ser que todos os dias me emociona e me cativa. O temperamento dele é muito peculiar e muitas vezes eu esqueço que ele é um gato. O Pam espera na porta quando a gente chega, dorme entre as nossas pernas no inverno, toma água do tanque, chama a gente de manhã cedo, pede comida, carinho, água, e eu sempre sei exatamente o que ele quer. O Pam é também entediado e ansioso; e isso eu sei porque ele puxou a mim. É sério. Já li muito sobre gatos, todos os livros ao meu alcance eu compro, e percebo, cada vez mais, que as personalidades deles variam, e não só de acordo com a raça, mas com a criação e algo que vem deles mesmo, como nós, seres humanos. O Pam já sofreu duas experiências terríveis. Uma vez, caiu do sétimo andar e eu quase morri; faltei muitas aulas pra ficar ao lado do meu amor da bacia quebrada. Vívido que é, em dois meses ele voltou a andar. Um bom tempo depois, ele ficou doente: pegou uma hepatite brava e o primeiro veterinário que consultei sugeriu sacrificá-lo, alegando que o bichano não teria chances. Inconformada, fui a uma clínica cara (mesmo sendo estudante e sem dinheiro) e o profissional foi bem claro: ¿Tratei dois gatos com hepatite e ambos faleceram¿. Bom, pra mim isso não disse nada. E fui em frente. O Pam estava magrinho, desidratado, não comia, mas eu via que ele queria viver. Tratamos ele com soro na veia por três dias seguidos pra recuperá-lo, e, logo depois, começamos com antibióticos. Trouxe o meu gato para casa e faltei mais muitas aulas para alimentá-lo várias vezes ao dia com comidinha reforçada na seringa e medicá-lo. Dormia e acordava com ele, conversava muito, e o Pam foi se recuperando. Nunca pensei em desistir. Lembro que no primeiro dia que ele comeu por vontade própria eu chorei muito; tinha vencido uma batalha. E aí foram só alegrias. Hoje em dia o Pam é super saudável, tem 9 anos, mas vai viver muito ainda. Com ele, aprendi muito sobre animais, sobre o zelo que temos que ter com eles e, principalmente, sobre as necessidades de um gato. Sou defensora de ter um felino em casa e já convenci vários amigos a adotarem um. Visito-os com freqüência e conheço o temperamento de cada um. Durante a minha vida, já convivi também com muitos cachorros, os quais eu gosto muito, me apego, mas não tenho a mesma curiosidade e fascínio que os gatos me proporcionam.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A vida dá cada susto na gente! Ainda bem que eu tenho o coração forte e muitas esperanças. Também consigo ser bastante otimista, apesar de não parecer. Tenho as minhas crenças, que são na medicina, na boa vontade e às vezes até creio no destino. Mas a coisa em que eu mais acredito hoje em dia é na vontade de viver. Sei, parece auto-ajuda, e é. Foi um professor meu da pós que disse que a gente tem que sempre colocar uma bandeirinha dizendo aonde quer chegar. E aí a gente chega. Uma pessoa sem objetivos fica muito jogada ao léu, não tem muitos motivos pra continuar viva. Eu já pensei bem diferente disso, achando que a gente tinha que viver o dia de hoje sem pensar no amanhã. Hoje eu acho que pra viver o dia de hoje, só pensando no amanhã. Não assim, enlouquecendo pra conquistar alguma coisa, mas tendo alguma meta. Eu, por exemplo, tenho muitas. E uma delas é viver muito, ficar bem velhinha, ter filhos, netos e bisnetos, e ter lucidez pra tudo isso. Saúde também. E isso vai acontecer ao lado do meu Gabrizinho. Tenho certeza.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Adeus ao papito

Foi-se meu avô. E nessas horas, mais que em outras, eu penso na validade das coisas desta vida. Penso nisso e em muitas outras coisas, além das saudades, que dóem demais. Mas o que eu mais pensei hoje, durante o dia, o velório, o enterro, foi na tristeza de minha avó. Foi de doer ver a expressão de dor no rosto dela que, durante 65 anos, esteve ali, ao lado dele. Mais ainda quando ele adoeceu e ela era só amores.

Meu avô, que já estava fraquinho, fraquinho, tinha que se esquivar dos apertões de bochecha, das palmadas na mão e dos selinhos intensos que minha vó dedicava a ele todo o tempo. “Papito querido”, ela dizia. E os dois passavam os dias um ao lado do outro, em frente à televisão, muitas vezes sem nada dizer, cada qual no seu lugarzinho dileto, desde que eu me conheço por gente.

E amanhã a minha avó vai acordar e o papito não vai estar lá, nem pra brigar, nem pra dar bom dia, nem pra reclamar dos beijinhos, nem pra tossir, nem pra falar das ações. Eu não sei, mas essa é uma tristeza que talvez só perca para a de perder um filho. Um companheiro de tantos anos é um pedaço muito grande.

A vó não quis ver nem a tampa do caixão se fechando, muito menos o vô sendo enterrado. E ela saiu assim do velório, no qual ela passou as sete horas acariciando o meu vô. Saiu arrasada, perguntando “Como é que vai ser?”. Eu também não sei. Vamos esperar o amanhã, que só ele sabe a resposta

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Tin tin

Passou o ano

Perdi um emprego

Ganhei alívio

Beijei muito

Falei pra caralho

Escrevi mais ou menos

Li menos

Andei bem pouco

Bebi na medida

Fumei demais

Reaprendi a ter controle

Chorei de saudades

Troquei de carro

Não fiz muitas boas ações

Passei muitas horas na Internet

Comi comi comi

Dormi bastante

Briguei algumas vezes

Chorei de ódio

Ri de alegria

Fiquei preocupada

Assustada

Dirigi bastante

Conversei com o gato

Amei e odiei

Vi coisas bonitas

E coisas muito feias

Fiquei mais velha

Mais chata

Mais seletiva

Aprendi a dar valor

Redescobri amizades

Brindei à saúde

Que a cada dia valorizo mais

E é meu único pedido

Saúde a todos!