sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Sobre felinos e outras coisas (copiei do meu antigo blog, preguiça de escrever)
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Ter um animal de estimação não é se apossar de algo, como de um terreno ou uma casa. É muito mais que isso. Está mais relacionado a criar um filho que a outra coisa qualquer. Cachorros, gatos e outros animais domésticos precisam de cuidados e, antes de mais nada, muita atenção. Assim como nós, eles podem desenvolver doenças, inclusive, de cunho psicológico. Não aconselho a compra ou adoção de um animal a quem não está disposto a sacrificar-se de vez em quando. Porém, há o fato de ganhar um companheiro para todas as horas, de um carinho inigualável. Mesmo os gatos, tidos como ranzinzas e individualistas, podem apresentar um comportamento extremamente amável. Sou suspeita porque tenho verdadeira paixão pelos bichanos, apesar de criar um só, por morar em apartamento e, o que mais dificulta, com minha mãe. Mas o Pam, o felino da minha vida, é um ser que todos os dias me emociona e me cativa. O temperamento dele é muito peculiar e muitas vezes eu esqueço que ele é um gato. O Pam espera na porta quando a gente chega, dorme entre as nossas pernas no inverno, toma água do tanque, chama a gente de manhã cedo, pede comida, carinho, água, e eu sempre sei exatamente o que ele quer. O Pam é também entediado e ansioso; e isso eu sei porque ele puxou a mim. É sério. Já li muito sobre gatos, todos os livros ao meu alcance eu compro, e percebo, cada vez mais, que as personalidades deles variam, e não só de acordo com a raça, mas com a criação e algo que vem deles mesmo, como nós, seres humanos. O Pam já sofreu duas experiências terríveis. Uma vez, caiu do sétimo andar e eu quase morri; faltei muitas aulas pra ficar ao lado do meu amor da bacia quebrada. Vívido que é, em dois meses ele voltou a andar. Um bom tempo depois, ele ficou doente: pegou uma hepatite brava e o primeiro veterinário que consultei sugeriu sacrificá-lo, alegando que o bichano não teria chances. Inconformada, fui a uma clínica cara (mesmo sendo estudante e sem dinheiro) e o profissional foi bem claro: ¿Tratei dois gatos com hepatite e ambos faleceram¿. Bom, pra mim isso não disse nada. E fui em frente. O Pam estava magrinho, desidratado, não comia, mas eu via que ele queria viver. Tratamos ele com soro na veia por três dias seguidos pra recuperá-lo, e, logo depois, começamos com antibióticos. Trouxe o meu gato para casa e faltei mais muitas aulas para alimentá-lo várias vezes ao dia com comidinha reforçada na seringa e medicá-lo. Dormia e acordava com ele, conversava muito, e o Pam foi se recuperando. Nunca pensei em desistir. Lembro que no primeiro dia que ele comeu por vontade própria eu chorei muito; tinha vencido uma batalha. E aí foram só alegrias. Hoje em dia o Pam é super saudável, tem 9 anos, mas vai viver muito ainda. Com ele, aprendi muito sobre animais, sobre o zelo que temos que ter com eles e, principalmente, sobre as necessidades de um gato. Sou defensora de ter um felino em casa e já convenci vários amigos a adotarem um. Visito-os com freqüência e conheço o temperamento de cada um. Durante a minha vida, já convivi também com muitos cachorros, os quais eu gosto muito, me apego, mas não tenho a mesma curiosidade e fascínio que os gatos me proporcionam.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
A vida dá cada susto na gente! Ainda bem que eu tenho o coração forte e muitas esperanças. Também consigo ser bastante otimista, apesar de não parecer. Tenho as minhas crenças, que são na medicina, na boa vontade e às vezes até creio no destino. Mas a coisa em que eu mais acredito hoje em dia é na vontade de viver. Sei, parece auto-ajuda, e é. Foi um professor meu da pós que disse que a gente tem que sempre colocar uma bandeirinha dizendo aonde quer chegar. E aí a gente chega. Uma pessoa sem objetivos fica muito jogada ao léu, não tem muitos motivos pra continuar viva. Eu já pensei bem diferente disso, achando que a gente tinha que viver o dia de hoje sem pensar no amanhã. Hoje eu acho que pra viver o dia de hoje, só pensando no amanhã. Não assim, enlouquecendo pra conquistar alguma coisa, mas tendo alguma meta. Eu, por exemplo, tenho muitas. E uma delas é viver muito, ficar bem velhinha, ter filhos, netos e bisnetos, e ter lucidez pra tudo isso. Saúde também. E isso vai acontecer ao lado do meu Gabrizinho. Tenho certeza.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Adeus ao papito
Meu avô, que já estava fraquinho, fraquinho, tinha que se esquivar dos apertões de bochecha, das palmadas na mão e dos selinhos intensos que minha vó dedicava a ele todo o tempo. “Papito querido”, ela dizia. E os dois passavam os dias um ao lado do outro, em frente à televisão, muitas vezes sem nada dizer, cada qual no seu lugarzinho dileto, desde que eu me conheço por gente.
E amanhã a minha avó vai acordar e o papito não vai estar lá, nem pra brigar, nem pra dar bom dia, nem pra reclamar dos beijinhos, nem pra tossir, nem pra falar das ações. Eu não sei, mas essa é uma tristeza que talvez só perca para a de perder um filho. Um companheiro de tantos anos é um pedaço muito grande.
A vó não quis ver nem a tampa do caixão se fechando, muito menos o vô sendo enterrado. E ela saiu assim do velório, no qual ela passou as sete horas acariciando o meu vô. Saiu arrasada, perguntando “Como é que vai ser?”. Eu também não sei. Vamos esperar o amanhã, que só ele sabe a resposta
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Tin tin
Passou o ano
Perdi um emprego
Ganhei alívio
Beijei muito
Falei pra caralho
Escrevi mais ou menos
Li menos
Andei bem pouco
Bebi na medida
Fumei demais
Reaprendi a ter controle
Chorei de saudades
Troquei de carro
Não fiz muitas boas ações
Passei muitas horas na Internet
Comi comi comi
Dormi bastante
Briguei algumas vezes
Chorei de ódio
Ri de alegria
Fiquei preocupada
Assustada
Dirigi bastante
Conversei com o gato
Amei e odiei
Vi coisas bonitas
E coisas muito feias
Fiquei mais velha
Mais chata
Mais seletiva
Aprendi a dar valor
Redescobri amizades
Brindei à saúde
Que a cada dia valorizo mais
E é meu único pedido
Saúde a todos!