quinta-feira, 20 de março de 2008

Amoras na pele

Estava dormindo, quando senti uma agonia no meu braço. Sentei-me na cama e percebi uma crosta quebradiça no meu braço esquerdo, bem no pulso. Acendi a luz e apalpei o braço um pouco mais acima. Senti umas bolinhas e vi que eram amoras. Olhando ainda mais de perto notei que elas saíam de dentro daquela crosta. Deslizei a mão mais acima do braço e senti que na parte posterior eles estavam cobertos de amoras. E que elas iam surgindo mais além e cobriam parte das minhas costas. Não pensei em chamar ninguém, fiquei atônita, o que haveria de ser aquela mutação maluca? Não doía, só incomodava um pouco. Será que se eu tentasse arrancá-las eu sentiria alguma dor? Não, não senti nada, elas caíam na cama ao menor esforço, era só passar as mãos nelas. E assim elas foram caindo todas e só sobrava um líquido cor de ameixa sobre a crosta quebradiça. E a crosta também se desmanchava facilmente. Eu tinha de volta a minha pele, mas sobrava uma inquietação, um arrepio, um estranhamento horrível. Várias vezes durante o dia tive essa sensação, que não era boa nem ruim, apenas uma sensação (indescritível) de amoras nascendo no seu corpo. E o arrepio, que durava o tempo do meu pensamento naquilo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gostei desse passeio pelo conto fantástico. Aumenta isso, tá legal?
bj

ítalo puccini disse...

metamorfose muito boa!!

também adorei. e concordo com a Rê, dá prosseguimento ao fruto ^^

bj,
Í.ta**

Cris disse...

Gente, mas era um sonho. E acabou aí.

ítalo puccini disse...

kkkkkk
sonha de novo, então!!
rs...