sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A CABEÇA CONFUSA DE SYD BARRET

DARK GLOBE

Oh where are you now
pussy willow that smiled on this leaf?
When I was alone you promised the stone from your heart
my head kissed the ground
I was half the way down, treading the sand
please, please, lift a hand
I'm only a person whose armbands beat
on his hands, hang tall
won't you miss me?
Wouldn't you miss me at all?

The poppy birds way
swing twigs coffee brands around
brandish her wand with a feathery tongue
my head kissed the ground
I was half the way down, treading the sand
please, please, please lift the hand
I'm only a person with Eskimo chain
I tattooed my brain all the way...
Won't you miss me?
Wouldn't you miss me at all?

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Vida felina

Acordei às seis da manhã após uma noite bem dormida enleado nos cobertores de minha humana. Apalpei a beira da cama e localizei o chão, para onde saltei. Não notei nenhum movimento pela casa e dei início ao meu show matutino, que consiste em miados roucos e longos nas portas dos quartos dos humanos da casa. Após um monte de “shhh” e “cala a boca”, alguém finalmente se levanta. Já não era sem tempo! Precisava urgentemente tomar meu banho no tanque, beber água corrente e comer um pouco de ração; além, é claro, de deixar minha marca em todos, roçando meu corpo peludo nas pernas de meus escravos (Cá entre nós, essa é uma maneira pejorativa de me dirigir aos membros desta casa). Após acordar todo mundo, esperei alguém abrir a porta da sacada e tomei meu banho de sol matutino, em um dos poucos raios que alcançam o apartamento nesse horário do dia. Ninguém em casa; todos foram trabalhar. É hora de arranhar o sofá, comer as azaléias decorativas e, novamente cochilar, desta vez, sobre o sofá. Vez ou outra penso em alçar novos caminhos, enveredar-me pelas ruas e descobrir a boemia. Mas aí penso no conforto da minha casa, nos carinhos que recebo, em todas as minhas regalias e morro de preguiça. Meus olhos cambaleiam e me pego dormindo novamente. Às vezes alguém aparece na hora do almoço e me dá algum ranguinho especial, esses sachezinhos com molhinhos, pelos quais sou fanático. Felicidade plena, bucho cheio e a cadeira da sala me acolhe para a sesta, que, a não ser em raras ocasiões, dura até o fim da tarde. É hora de alguém chegar em casa. Alcanço a porta de entrada e ali fico, até que ouço ruídos no elevador. São elas! As minhas humanas! Ou pelo menos uma delas. Tenho comida no prato, mas preciso que reponham. Gosto de ração fresca. Também estou com sede; preciso que me abram a torneira do tanque. É quando tomo minha água e meu banho noturnos. Geralmente, marco a casa inteira com minhas patas molhadas. As pedras do meu banheiro também são constantemente avistadas pelo chão, além dos pêlos, estes em maior quantidade. Mas não me importo; há sempre alguém para deixar tudo limpinho e pronto para ser sujo novamente. Uma coisa que muito me satisfaz é a hora do banho das humanas. Espero deitado fora do box e simplesmente adoro a água com gosto de sabonete que sobra da ducha delas. Mais uma vez, deixo marcas molhadas pela casa e, não raro, assisto à novela sobre o tapete peludo do quarto de casal. Adoro! Lá pelas dez da noite, é hora de descobrir uma cama – a que me parecer mais confortável – e ali dormir meu sono. E é bom que a humana que ousa dividir meu recanto de sono fique bem quietinha durante a noite. É que eu não gosto de ser importunado. Posso ficar bravo. E tem essa coisa do instinto, que, infelizmente, não consigo controlar.