quarta-feira, 21 de outubro de 2009

agora eu só falo de gato...

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quarta-feira, 9 de abril de 2008

A respeito de senhor

Não gosto quando me chamam de senhora. Tenho 29 anos, carinha de 20, sou moça, senhorita, rapariga; não sou senhora e nunca serei. Esses tempos, discuti num bar com amigos. Segundo eles, pessoas mais velhas ou hierarquicamente superiores devem, sim, ser chamadas de senhor.

Eu nunca na minha vida chamei minha mãe de senhora, nem minha avó, nem meu avô e, nem por isso, os tratei com desrespeito. Meu respeito independe de rótulos; minhas ações falam mais alto. E, hoje em dia, com o culto à juventude, ninguém mais quer ser chamado de senhora.

Tem gente que tem cara de senhor, jeito de senhor, fala de senhor. A esses eu me refiro como senhor. Mas é só. Inclusive, tem vezes que me sinto ofendendo alguém ao chamá-lo de senhor.

Dizem os meus amigos que abro caminho para me desrespeitarem não chamando as pessoas de senhor ou senhora. Digo que não, que minha maneira de me portar é que me impõe o respeito necessário. Aliás, não precisa tanto. Até certo limite, gosto de brincar e que brinquem comigo. Adoro a informalidade, apesar de trabalhar em ambientes corporativos.

Se for pra desrespeitar, não importa do que me chamem. Já ouvi muito: Minha senhora, vai tomar no cu! Meu senhor, estou falando com você! A senhora é uma puta! Até Vossas Excelências já foram muito xingadas nessa vida.

Portanto, senhores e senhoras, respeito é bom pra todo mundo, até pra tu!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Tantã

Tanta gente nessa vida
Tanta coisa proibida
Tanto tudo pra aprender
Tanto não a receber

Tanta tanta tanta vida
Tanta gente espremida
Tanto ser tanto querer
Tanto tempo pra sofrer

Tanto soco tanta briga
Tanto horror tanta intriga
Tanto tanto pra saber
Tanto olhar e tanto ver

Tanto amigo tanta amiga
Tanta sorte nessa vida
Tanto chute de doer
Tanto ser pra merecer

Tanta coisa escondida
Tanto pus tanta ferida
Tanto ler e conhecer
Tanto lutar e não vencer

Tanta tanta tanta vida
Tanta luz e tanta briga
Tanto tudo pra querer
Tanto não a receber

segunda-feira, 31 de março de 2008

Sobre as segundas-feiras

O sábado e o domingo sempre passam mais depressa que o esperado, e lá, no fim do domingo, é que a gente dá de cara com a malvada segunda-feira. Pra mim, ela já começa quando eu vou dormir, no domingo de noite, sem o menor sono por ter passado metade do final de semana na inatividade. Rolar na cama é rotina nessa noite, acordar desorientada na segunda, idem.

Pois não é que essa segunda-feira ainda acordou cinza? E um pouquinho chuvosa... Sorte minha, que não agüento mais o calor desse verão prolongado. Azar da minha vontade de continuar na cama bem quentinha e gostosinha.

Parei no posto pra comprar uma bolachinha pra comer. As pessoas cobertas com casaquinhos finos, que não saíam do armário desde o ano passado, me atenderam sonolentas. Do mesmo modo, me remeti a elas. Uma música de fundo ininteligível, mas (sono)lenta me lembrou, novamente, que estava passando por uma manhã de segunda-feira.

Porque todas as manhãs de segunda-feira são pacatas e demoram a passar. Todas são chuvosas e cinza e melancólicas, mesmo se tiver fazendo um sol desgraçado. A rotina ainda não nos tomou conta, o organismo está desacelerado, como esteve no fim-de-semana. As pessoas trabalham pensando na noitada do sábado, no churrasco do domingo ou no filme da sexta de noite.

Os “bons dias” são raros e sempre em câmera lenta, o ambiente é sempre silencioso e as pessoas, quando conversam, o fazem em pelo menos dois tons abaixo do normal. Tudo é calmo, tranqüilo, sem stress... Porque você tem toda a semana pela frente pra que a ansiedade te invada, o trabalho comece a acumular e a sua voz não mais murmure um bom-dia, mas grite em alto e bom tom: “Graças a Deus que hoje é sexta-feira!”

sexta-feira, 28 de março de 2008

Vontade passageira

De vez em quando dá uma tristezinha súbita e passageira. Assim, como um ventinho gelado que nos estremece. Uma chateação... Saudades de gente que está longe, de gente que já foi, de gente que está perto. E assim como veio a tristeza ela vai. Quem está longe manda um e-mail, quem já foi deixa uma boa lembrança e quem está perto nos visita. Daí a gente vive mais pra conhecer mais gente que vai deixar saudades um dia e assim ciclicamente até que a gente se vá.

De vez em quando dá também um mau humor e um enjôo de tudo e de todos. Vontade de se esconder num buraco com “algum remédio que te dê alegria”. Vontade de ir morar longe, de conhecer outra coisa, de expandir o quadrado e de deixar tudo que está para trás.

Mas também de vez em quando dá vontade de deixar tudo como está, de ficar em casa, de assistir novela das oito, de tomar café-da-manhã, almoçar, jantar, dormir e acordar. De brincar com o cachorro, de reclamar da vizinha, de falar mal da vida alheia. Assim como vem, também essa vontade se vai, com a mesma inconstância de todas as nossas outras vontades.

E de vez em quando, ainda, dá uma vontade de escrever. Que, da mesma forma, vai embora.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Amoras na pele

Estava dormindo, quando senti uma agonia no meu braço. Sentei-me na cama e percebi uma crosta quebradiça no meu braço esquerdo, bem no pulso. Acendi a luz e apalpei o braço um pouco mais acima. Senti umas bolinhas e vi que eram amoras. Olhando ainda mais de perto notei que elas saíam de dentro daquela crosta. Deslizei a mão mais acima do braço e senti que na parte posterior eles estavam cobertos de amoras. E que elas iam surgindo mais além e cobriam parte das minhas costas. Não pensei em chamar ninguém, fiquei atônita, o que haveria de ser aquela mutação maluca? Não doía, só incomodava um pouco. Será que se eu tentasse arrancá-las eu sentiria alguma dor? Não, não senti nada, elas caíam na cama ao menor esforço, era só passar as mãos nelas. E assim elas foram caindo todas e só sobrava um líquido cor de ameixa sobre a crosta quebradiça. E a crosta também se desmanchava facilmente. Eu tinha de volta a minha pele, mas sobrava uma inquietação, um arrepio, um estranhamento horrível. Várias vezes durante o dia tive essa sensação, que não era boa nem ruim, apenas uma sensação (indescritível) de amoras nascendo no seu corpo. E o arrepio, que durava o tempo do meu pensamento naquilo.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Fresquinhas

Bom, vamos às novidades dessa minha vida tão interessante: Estou trabalhando “fixa” novamente. E isso quer dizer das 8 às 18 horas. E isso também quer dizer acordar cedo, o que quer dizer, ainda: putaqueopariu, que diacho!

É, eu realmente não gosto de acordar cedo, tenho problemas sérios com isso. A questão nem é acordar cedo, mas acordar com o despertador ecoando nos ouvidos. Eu preciso dormir até a hora que meu corpo mandar. Nada mais natural.

Outra conseqüência do fato de eu estar com um emprego mais estável é a morte súbita de minhas bebedeiras semanais. Ou a minha morte, caso elas continuem acontecendo com a periodicidade desses últimos tempos.

Mas, claro, tem o tal do lado bom: ambiente delicioso de trabalho, um pouco mais de estabilidade financeira, pessoas novas, clientes novos, mesa nova, gavetas novas, caderno novo, caneta nova. Tudo se renova. E isso é muito, muito legal!

O lado ruim é que pesa um pouco: horários. Desregrada que só eu, vou ter que me readaptar à vida operária. Mas vale a pena. Assim espero.